segunda-feira, 28 de abril de 2008
Sim, eu apoio
do Crônicas do Motta
Como prometeu, o PT apresentou na Câmara dos Deputados projeto para criar um imposto sobre as grandes fortunas. Pelo texto, quem tem patrimônio superior a R$ 10,98 milhões será taxado com alíquotas que variam de 0,5% a 1%. Segundo o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), a estimativa é de que 10 mil famílias paguem o tributo - o que corresponde a 0,04% do total de contribuintes que declaram IR no país. A arrecadação estimada é de R$ 5 bilhões por ano e seria usada para custear a seguridade social (saúde, previdência e programas assistenciais, como o Bolsa Família). "Vamos chamar os ricos para contribuir com uma parte ínfima do seu patrimônio para reduzir a desigualdade do país'', disse.
A oposição não cansa de reclamar da carga tributária. Mas, por enquanto, ninguém se arriscou a bombardear radicalmente o projeto. Será difícil para demos e tucanos se colocarem inteiramente contra a proposta. Assumir tal posição em momento eleitoral traria prejuízos. Afinal, ser contra impostos que atingem pobres, classe média e empresas é uma coisa. Se colocar contra tributos que pegam os milionários é outra, bem diferente.
A primeira iniciativa parlamentar para taxar as grandes fortunas partiu do então senador Fernando Henrique Cardoso. Hoje, FHC não se mostra tão entusiasta da idéia. Mais uma vez ele pede para que esqueçam o que escreveu. O líder tucano na Câmara, José Aníbal, diz que o projeto petista tem "DNA" do PSDB. Mas também admite que dificilmente FHC apresentaria a proposta hoje: "Ele não teria o ímpeto que teve lá atrás.''
A discussão sobre o projeto deve ser intensa. Para nossos parlamentares o tema é polêmico. Na verdade, é espinhoso. Eles terão de decidir entre assumir uma posição que será aplaudida pela maioria da opinião pública e dos eleitores ou entre outra que não afetará nem seus bolsos ou de seus patrocinadores.
terça-feira, 22 de abril de 2008
Orlando Villas Bôas
Nascido no interior de São Paulo, aos 29 anos resolveu trocar o emprego e a vida na cidade pela selva. Orlando Villas Bôas dedicou grande parte de sua vida à defesa dos povos da selva.
Era o mais velho e último dos irmãos Villas Bôas, além dele, também defenderam os índios Cláudio, Leonardo e Álvaro. Com Cláudio e Leonardo, fez o reconhecimento de numerosos acidentes geográficos do Brasil Central. Em suas andanças, os irmãos abriram mais de 1.500 quilômetros de picadas na mata virgem, onde surgiram vilas e cidades. Foi indicado duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz, com Cláudio, em 1971 e em 1976, pelo resgate das tribos xinguanas.
Os irmãos lideraram a Expedição Roncador-Xingu, iniciada em 1943 e que depois de 24 anos deixou em seu rastro mais de 40 novas cidades, 19 campos de pouso e o Parque Nacional do Xingu, criado por lei em 1961 com a ajuda do antropólogo Darcy Ribeiro. Na expedição, Orlando, Cláudio, Leonardo e Álvaro mapearam os seus encontros com catorze tribos indígenas, conseguindo permissão tácita para instalar as bases da Fundação Brasil Central. Cuidadosos, eles souberam agir contra idéias militaristas ou contra a ação de especuladores. Crítico da influência do homem branco, Orlando destacava que 400 anos depois do início da colonização européia, cada uma das tribos assentadas às margens do Xingu mantinha sua própria cultura e identidade.
Orlando e seus irmãos ajudaram a consolidar o Parque Indígena do Xingu com o apoio do Marechal Rondon, de Darcy Ribeiro e do sanitarista Noel Nutels. Orlando chegou, em 1961, a administrar o Parque, onde hoje vivem cerca de cinco mil e quinhentos índios de catorze etnias diferentes.
Publicou catorze livros, algumas das aventuras da expedição Roncador-Xingu foram contadas em "A marcha para o Oeste", escrito com Cláudio. Já no fim da vida Orlando começou a escrever uma autobiografia lançada após seu falecimento.
Foi demitido da Funai, órgão que ajudou a criar, em fevereiro de 2000 pelo seu então presidente, Dr. Mares. A demissão causou revolta da opinião pública e retratação formal do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Morreu aos 88 anos em 2002 no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, de falência múltipla dos órgãos.
Que o Brasil tome conta dos nossos índios, com muito respeito a esse forte cultura
Deus Tupã de nossos pais e mães,
Venerado nas selvas e nos rios,
No silêncio da lua e no grito do sol:
Pelos altares e pelas vidas destruídas
Em teu nome, profanado,
Nesta nossa Abia Yala colonizada,
Te pedimos que fortaleças
A luta e a esperança dos povos indígenas
Na reconquista de suas terras,
Na vivência da própria cultura,
Na fruição da autonomia livre.
E dá-nos (a nós, neocolonizadores)
Vergonha na cara e amor no coração
Para respeitarmos esses povos-raiz
E para comungar com eles em plural Eucaristia.
Awere, Amém, Aleluia!
de Dom Pedro Casaldáliga